UNE deve alugar andares de futura sede no Rio: Os universitários aguardam a conclusão do detalhamento técnico, feito pelo escritório de João Niemeyer com base no projeto doado por Oscar Niemeyer
Quem, há um mês, passasse em frente ao número 132 da Praia do Flamengo e visse o imenso painel erguido pela União Nacional dos Estudantes (UNE) com a inscrição "Obama, go home", em protesto contra a visita do presidente americano, dificilmente imaginaria que, até o fim de 2013, naquele terreno vazio estará de pé um lucrativo empreendimento de 12 andares que custará entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. Mais: que a dona do imóvel será a própria UNE, de volta ao histórico endereço depois de quase 50 anos de afastamento.
Nos últimos quatro meses, a construção entrou na pauta de discussões da diretoria, somando-se à organização do próximo congresso, à avaliação do Plano Nacional de Educação e às reivindicações por mais recursos para o ensino.
Em inédita fase empreendedora, os universitários aguardam a conclusão do detalhamento técnico, feito pelo escritório de João Niemeyer com base no projeto doado por Oscar Niemeyer.
Escolherão, então, a construtora para iniciar a obra.
Por mais que o presidente da UNE, Augusto Chagas, resista em falar de um possível uso comercial do prédio, é certo que muitos andares serão alugados e ajudarão a reforçar o caixa da instituição. Especialistas em construção e mercado imobiliário calculam que cada andar, que terá entre 300 e 400 metros quadrados, não renderá menos de R$ 25 mil mensais de aluguel. Se ocupar dois andares, a UNE obterá no mínimo R$ 3 milhões anuais só com o aluguel dos outros dez pavimentos. Se não fosse para uso comercial, não haveria motivo para a construção de um prédio tão grande - a altura máxima permitida pela prefeitura -, com mais três andares de garagem no subsolo, com espaço para 120 vagas.
Todo esse investimento é possível por conta da indenização paga pelo governo federal à UNE, no fim do ano passado, pela destruição da antiga sede, logo depois do golpe militar. Incendiada em 1964, a sede ficou desativada até 1980, quando o que restava do casarão foi demolido.
Os estudantes receberam R$ 30 milhões, depositados em uma conta do Banco do Brasil e aplicados em CDB.
"É uma aplicação segura e com rendimento", diz Augusto. A União ainda deve R$ 14,6 milhões. Em reunião com os estudantes no mês passado, a presidente Dilma Rousseff prometeu empenho para a rápida liberação dos recursos.